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Escoliose e dor abdominal

 Uma categoria especial entre as deformidades que pode ter sintomas abdominais é a escoliose, especialmente durante o curso do tratamento.
 A escoliose é uma deformidade da coluna vertebral caracterizada principalmente pelo desvio lateral da coluna. Na verdade, é uma deformidade quase sempre acompanhada de desvios nos planos sagital (lordose ou cifose) e axial (rotação) vertebral.
 O tratamento com o colete é indicado no paciente com esqueleto imaturo, com curvas superiores a 20 graus de desvio lateral. Acima de 40 graus, em geral, o tratamento é cirúrgico.
O tratamento conservador, com o colete ou gesso, e o tratamento cirúrgico podem, ainda que raramente, provocar sintomas abdominais transitórios, como a obstrução duodenal pelo pinçamento aorto-mesentérico, a pancreatite e, em casos mais graves, até mesmo a isquemia mesentérica.
Sintomas abdominais transitórios podem ocorrer no início do tratamento com o colete ou no pós-operatório imediato.  O mecanismo provável é a redução do fluxo sangüíneo pela artéria mesentérica superior para as vísceras abdominais.
O pinçamento aorto-mesentérico ocorre devido ao estiramento da artéria mesentérica superior sobre a terceira parte do duodeno durante o processo de correção da escoliose (Fig Pinçamento aorto mesentérico). O ângulo entre a aorta e a artéria mesentérica diminui com redução do fluxo e obstrução duodenal alta (Fig Pinçamento aorto mesentérico).

A síndrome obstrutiva se apresenta como obstrução intestinal alta com náuseas e vômitos. Há mínima distensão intestinal com plenitude gástrica. O abdômen é flácido com sensibilidade aumentada durante a palpação epigástrica profunda. A ausculta abdominal é normal, flatos podem estar presentes normalmente. O diagnóstico pode ser difícil na fase pós-operatória imediata, já que náuseas e vômitos podem estar presentes devido ao uso de analgésicos, aerofagia ou íleo. A dieta precoce com conseqüente enchimento do estômago acentua a pressão sobre o duodeno. Os vômitos prolongados podem resultar em desidratação, hipovolemia e perda de eletrólitos causando alcalose hipocalêmica. Se não tratada, choque, oligúria, ruptura gástrica e morte podem ocorrer.
O diagnóstico precoce da obstrução duodenal é essencial. Medidas gerais incluem restrição da dieta oral, sucção nasogástrica e reposição hidroeletrolítica endovenosa. O balanço hidroeletrolítico deve ser rigorosamente monitorado. Medidas específicas consistem no posicionamento do paciente em decúbito lateral esquerdo com elevação dos pés do leito. Essas medidas, em geral, aliviam os sintomas dentro de 48 ou 72 horas, mas, se o problema persiste, é necessária a remoção do gesso, colete ou tração. Com melhora dos sintomas, a dieta pode ser reiniciada com líquidos e, posteriormente, sólidos.
Estudos radiográficos confirmam o diagnóstico. A radiografia do abdômen pode mostrar importante distensão duodenal e gástrica com pouco gás distalmente no intestino. O estudo com contraste demonstra a obstrução da terceira parte do duodeno, com retardo do esvaziamento gástrico. O duodeno proximal fica dilatado e frequentemente mostra aumento da atividade peristáltica ou peristaltismo reverso. O estudo feito após seis horas pode mostrar algum contraste, distalmente ao local da obstrução, indicando obstrução parcial. Se a cirurgia é necessária, a duodenojejunostomia com anastomose látero-lateral pode ser realizada. Outras técnicas para aliviar a obstrução como a secção do ligamento de Treitz ou a gastrojejunostomia têm sido menos efetivos.
A melhor abordagem da obstrução do duodeno pelo pinçamento aorto-mesentérico é o reconhecimento precoce e o tratamento não cirúrgico adequado. Desse modo, os efeitos metabólicos gerais são reduzidos e a necessidade de procedimento cirúrgico torna-se menos provável.

Escoliose e dor abdominal
Por Dr. Jefferson Soares Leal
27/01/2009

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. Korovessis PG, Stamatakis M, Baikousis A. Relapsing pancreatitis after combined anterior and posterior instrumentation for neuropathic scoliosis. J Spinal Disord 1996; 9:347-350.
2. Tsirikos AI, Jeans LA. Superior mesenteric artery syndrome in children and adolescents with spine deformities undergoing corrective surgery. J Spinal Disord Tech 2005; 18:263-271.
 

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