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Distúrbios somáticos e dor na coluna

Trata-se de uma alteração de saúde como qualquer outra doença. A diferença é que a origem dos sintomas é mais complexa do que na maioria das patologias e é de difícil mensuração com os recursos atuais da medicina.
Os fatores psicossociais, apesar de pouco compreendidos, parecem desempenhar um papel primordial no fenômeno de percepção e sensação da dor. O sistema nervoso central (SNC) recebe, processa e às vezes inibe as mensagens de dor. As endorfinas podem desempenhar uma influência sobre o SNC, de modo a alterar a percepção da dor. Acredita-se que, em estados crônicos de dor, o SNC cria um circuito de padrão gerador que mantém a dor mesmo na ausência de um estímulo ativo. A persistência desse circuito parece ser amplamente influenciada pelas emoções. Muitos pacientes referem aparecimento ou agravamento da dor em períodos de instabilidade emocional, mesmo na ausência de qualquer estímulo periférico dos nociptores. A observação clínica mostra também associação de dor crônica com depressão, insatisfação no trabalho, raiva, frustração e alcoolismo.

Características dos pacientes com sintomas somáticos

· 20% da população mundial é afetada pelos transtornos de somatização.

· O distúrbio é mais comum em mulheres e entre elas os sintomas costumam ser fortes

· 42,6 anos é a idade média

· 40% deles têm depressão

· 20% apresentam transtorno do pânico ou ansiedade

· Os somatizadores estão entre os principais usuários do sistema de saúde

· 60% das consultas médicas se referem a pacientes com queixas sem nenhuma causa orgânica.

Depressão e sintomas somáticos

As emoções podem traduzir-se em resposta somáticas no eixo hipotálamo-hipófise-supra-renal. Quando isso acontece, altera-se a sintonia entre o cérebro e os sistemas endócrino e imunológico, o que pode levar ao desencadeamento de uma série de problemas.

· Hipotálamo: Estrutura do sistema límbico, e sede cerebral das emoções, deflagram as relações físicas aos desgastes emocionais.

· Hipófise: Glândula controlada pelo hipotálamo, a hipófise é uma glândula localizada na base do cérebro. Ela comanda o trabalho da maioria das outras glândulas endócrinas.

· Supra-renais: Glândulas situadas acima dos rins, essas glândulas são encarregadas de fabricar os hormônios relacionados ao stress – adrenalina, noradrenalina e cortisol.

Os sintomas somáticos podem se apresentar em vários sistemas como o cardiovascular, dermatológico, gastrointestinal, nervoso e no aparelho locomotor. No aparelho locomotor,  a coluna vertebral é uma das mais afetadas e se manifesta principalmente como dor crônica de difícil explicação.

Distúrbiso somáticos e dores crônicas

Dor nas costas, cefaléias, dor pré-menstrual, fibromialgia e síndrome da fadiga crônica. O mecanismo desses sintomas parece estar relacionado com a descarga de adrenalina e cortisol na corrente sanguínea que reduz a produção de endorfina e serotonina, substâncias associadas ao alivio da dor e à sensação de bem-estar, respectivamente. Alguns estudos mostram que um evento emocionalmente desgastante pode aumentar a sensação dolorosa em até 20%.

O que é somatização?


Trata-se de um processo pelo qual distúrbios de origem psíquica, emocional, traduzem-se em mal-estar, com ou sem causa orgânica definida. Os 10 problemas mais relatados pelos somatizadores são dores no peito, fadiga, tontura, dor de cabeça, inchaço dor nas costas, falta de ar, insônia, dor abdominal e torpor.

No passado  pacientes somáticos eram discriminados até mesmo por muitos médicos. Até poucos anos atrás, muito pouco se sabia sobre essa condição. Hoje sabe-se muito mis que ontem. Paradoxalmente, quanto mais a medicina avança, mais reforçamos alguns princípios milenerares da Medicina. Maimônides no séc.XII escreveu “Uma consulta deve durar uma hora. Durante dez minutos, ausculte os órgãos do paciente. Nos cinqüenta minutos restantes, sonde-lhes a alma”. Com esse pricípio em mente os médicos não só ajudam a tratar os sintomas atuais  e evitam evitam os futuros, em vez de apressarem em livrar-se dos “neuróticos”.
Alguns pesquisadores dedicam-se a tentar desvendar os mecanismos pelos quais as emoções podem resultar em afecções. A medicina atual está revendo o dogma de que sintomas só são passiveis de tratamento se originados em problemas físicos descritos cientificamente.

A somatização como sintoma, só ganhou este nome com o médico austríaco Wilhelm Stekel, um dos precursores da psicanálise, lançou a expressão alemã organsprache (fala dos órgãos) para denominar sintomas físicos associados principalmente ao lado psíquico. O termo foi traduzido como somatization para o Inglês palavra criada a partir do radical grego soma, corpo. Há uma distinção entre transtorno somatoforme e somatização. O primeiro caracteriza-se por queixas físicas recorrentes, mas sem causas detectáveis por exames clínicos ou de imagem. É o caso, por exemplo, de um paciente que reclama de dores de estômago, mas, quando submetido a uma endoscopia, não apresenta nenhuma lesão nesse órgão. Para que a doença seja diagnosticada como um transtorno somatoforme, é preciso que a pessoa exiba um ou mais sintomas por um período mínimo de seis meses. De acordo com a organização mundial de saúde, 20% da população do planeta manifesta quadros da doença. Os sintomas são reais. O sofrimento desses pacientes não é menor do que os daqueles que apresentam problemas com causas orgânicas bem definidas.

A palavra somatização, por sua vez, hoje é usada especificamente para doenças identificáveis por meio de exames, desencadeadas por sobrecarga emocional. Certas doenças têm um componente fortemente somático. É o caso de asma, úlceras, fibromialgia, gastrite, alergias e herpes, principalmente. As situações que mais deflagram respostas somáticas são as de stress decorrente de um luto ou de uma separação conjugal e a depressão.

Somatização, às vezes é erroneamente confundida com hipocondria. São coisas completamente diferentes. O hipocondríaco preocupa-se excessivamente com a própria morte. Interpreta freqüentemente qualquer sintoma corriqueiro um sinal de doença grave.

Fisiologicamente sabe-se que o processo de somatização ocorre no eixo hipotálamo - hipófise-supra-renal. Com o auxilio da medicina molecular e exames de imagem de alta precisão, está se conseguindo mapear em detalhes o canal de comunicação entre o cérebro e o sistema imunológico e endócrino. A interação entre corpo e mente se dá por meio de uma intrincada rede de hormônios, proteínas e neurotransmissores que não param de interagir. Os cientistas querem definir o que ocorre ao certo quando há um descompasso entre o cérebro e esses sistemas, especialmente nos momentos emocionais mais críticos. Apesar de haver uma longa estrada a ser percorrida, ao entender em parte como os sentimentos afetam o organismo, a medicina deu um passo adiante rumo à prevenção e à cura de doenças típicas da somatização.

Algumas evidências científicas importantes da relação entre o estado emocional e alterações de saúde foram publicadas recentemente. Um estudo científico avaliou em quase 1000 pacientes (jornal da associação médica americana – J.A.M.A. )  entre 39 e 59 anos. O estudo mostrou que pacientes vítimas de infarto que exerciam funções com grande demanda emocional mostraram-se duas vezes mais predispostas a sofrer um novo evento cardíaco. Outro estudo (Sheldon Cohen) analisou 319 artigos médicos que relacionavam emoções intensas com falhas do sistema imunológico. Concluiu-se que tais emoções podem acelerar a progressão até mesmo de males associados à AIDS. Outra pesquisa que analisou 9000 pessoas por 12 anos mostrou que pessoas com freqüentes conflitos emocionais apresentavam maior risco para doença cardiovascular.

Não se pode concluir, entretanto, que qualquer doença tem origem nos sentimentos. Esses estudos mostram que a emoção não pode ser relegada a um segundo plano. As emoções podem influenciar o estado de saúde de forma significa em algumas pessoas, havendo algumas pessoas mais propensas a ficar doentes quando vivenciam distúrbios emocionais excessivos.  A mesma situação pode ser mais desgastante para uma pessoa e menos para outra, não apenas pelo perfil psicológico de cada uma, mas por um provável efeito de uma tendência genética para reações hormonais mais ou menos fortes. Fatores culturais também são relevantes. Um levantamento aponta que os brasileiros estão entre os campeões de somatização “comportamentos histriônicos ou contidos demais podem resultar no aparecimento de afecções”.

Estudos mostram que um bom suporte afetivo e determinados tipos de terapia psicológica são capazes de melhorar a resposta imunológica de muitos pacientes com distúrbios emocionais. A terapia cognitivo-comportamental, associadas às técnicas de relaxamento, exercícios moderados e uso de antidepressivos para diminuir a intensidade dos sintomas entre os somatizadores.

Os antidepressivos quando bem indicados têm  bons resultados. Pacientes tratados com estes remédios apresentam uma redução considerável nas idas ao médico, especialmente que sofriam da síndrome da fadiga crônica, distúrbio recorrente entre os somatizadores. Outra linha de pesquisa também começa a esboçar-se.

As emoções excessivas podem estar relacionadas a doenças. Nada tem a ver com a idéia de um ser sem emoção e sem doença. Acredita-se  que foram as emoções (medo, motivação) um dos principais responsáveis pela sobrevivência da espécie humana. As emoções são fundamentais também para a saúde e sobrevivência do indivíduo.

Devemos tentar evitar que sejamos possuídos por sentimentos que redundem em sofrimento físico. Expressá-los sem medo é uma boa medida. Mas não é tão simples assim, parece simples, mas não é. O escritor americano William Styrom, um dos que melhor expressam a tristeza e a melancolia, descreveu sua dor psíquica constante como “algo tão misteriosamente doloroso que não é possível nem por meio de mediação intelectual chegar perto de sua descrição”. Sim, as palavras nem sempre alcançam a alma.

Atualização por Dr. Jefferson Soares Leal
02/02/2009 


 

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